Por muito tempo, criou-se uma ideia equivocada dentro da comunidade que estuda o Sistema Kibbe: a de que o tipo Flamboyant Natural não poderia usar alfaiataria e que o estilo ideal para esse tipo corporal deve seguir a estética Boho. Essa crença, amplamente difundida e repetida, acabou limitando o potencial de muitas mulheres que se identificam com esse tipo corporal. No entanto, ao revisitarmos os fundamentos da teoria proposta por David Kibbe, percebemos que essa restrição não só é infundada, como também desrespeita a essência das mulheres que têm esse estilo.
A mulher Flamboyant Natural é composta por uma estrutura óssea longa, reta e ampla, combinada com traços faciais amplos e robustos. O seu yin/yang é predominantemente yang, mas com uma suavidade natural que confere ao seu visual uma aura despojada, imponente e moderna. Essa combinação pede roupas que respeitem o comprimento, o espaço e, principalmente, o movimento. Portanto, a questão não é o que vestir, mas sim como vestir.
Entendendo o Erro: A Alfaiataria como Vilã Injustiçada
A má interpretação ocorre, muitas vezes, pela associação direta entre alfaiataria e rigidez. É comum pensarmos em blazers estruturados, calças de corte reto e tecidos encorpados como os únicos representantes desse universo. Mas isso é apenas uma faceta da alfaiataria – uma visão tradicional e excessivamente clássica.
Quando aplicada sob a lente do sistema Kibbe, a alfaiataria para a Flamboyant Natural precisa ser reinterpretada. David Kibbe nunca proibiu essa mulher de usar peças de corte sofisticado. O que ele sugere é que a silhueta e os tecidos devem manter a fluidez, a liberdade e a naturalidade que caracterizam o tipo FN.
Isso significa que a mulher Flamboyant Natural pode e deve usar alfaiataria. Porém, em vez de seguir a linha rígida e compacta de um Dramatic ou Classic, ela deve buscar peças com alongamento, leveza e estrutura orgânica. Alfaiataria pode (e deve) ter movimento.
Como a Alfaiataria Funciona para a Flamboyant Natural
Vamos à prática: o que faz uma alfaiataria “funcionar” para a Flamboyant Natural? Em primeiro lugar, o caimento. Peças muito ajustadas ao corpo ou que restringem os movimentos são inimigas dessa mulher. Em vez disso, cortes mais amplos, alongados e soltos são ideais. Um blazer oversized, por exemplo, respeita a estrutura óssea longa e reta, enquanto proporciona a liberdade necessária.
Em segundo lugar, os tecidos. Tecidos que deslizam ou têm fluidez natural, como linho leve, viscose estruturada, lã fria com queda ou até sarjas moles são excelentes aliados. Eles permitem que a alfaiataria acompanhe o corpo em movimento, o que é fundamental para manter a harmonia visual da Flamboyant Natural.
Por fim, o estilo de finalização. Detalhes minimalistas, com toques descontraídos, como mangas arregaçadas, calças com pregas leves, blazers sem forro muito estruturado ou cintos soltos, ajudam a trazer autenticidade ao look, sem forçar uma formalidade que destoa da essência natural desse tipo.
Peças-Chave para Flamboyant Naturals Usarem Alfaiataria com Estilo
- Blazer Oversized (sem rigidez): ombros levemente marcados, caimento fluido e comprimento abaixo do quadril funcionam perfeitamente.
- Calça de Alfaiataria Solta: pantalonas, calças com pregas ou modelos amplos, que acompanham o movimento e valorizam o comprimento das pernas.
- Coletes Alongados: ideais para criar linhas verticais, mas devem ter fluidez e movimento, evitando formatos muito duros.
- Macacões de Alfaiataria: com linhas alongadas e tecido fluido, eles criam um visual sofisticado e confortável, em total harmonia com o tipo FN.
- Camisas e Blusas com Estrutura Solta: prefira tecidos com um toque natural, e cortes que acompanhem o corpo sem grudar ou travar.
Desconstruindo Regras: A Liberdade no Sistema Kibbe
É importante reforçar que o sistema Kibbe não foi feito para aprisionar, mas para libertar. O próprio David Kibbe afirma, com frequência, que seu objetivo é ajudar as pessoas a celebrarem sua beleza única e natural – e não a encaixarem-se em regras fixas e limitantes. Quando interpretado com profundidade e empatia, o sistema nos dá ferramentas para explorar o melhor de cada tipo, inclusive ousando, adaptando e reinterpretando peças do nosso guarda-roupa.
Portanto, se você é uma Flamboyant Natural que ama alfaiataria, abrace esse amor. Não é a peça em si que está “proibida”, mas sim a forma como ela se comporta no seu corpo. Com tecido certo, caimento adequado e respeito à sua natureza yang descontraída, você pode criar looks de alfaiataria lindos, elegantes e totalmente alinhados com quem você é.
Conclusão: Vista-se com Verdade, Não com Regras
A moda é uma forma de expressão, e o estilo pessoal é a linguagem que usamos para contar quem somos. A mulher Flamboyant Natural tem o direito – e o dever consigo mesma – de explorar todas as possibilidades que refletem sua autenticidade, incluindo a alfaiataria.
Liberte-se dos mitos. Permita-se experimentar novas modelagens, tecidos e proporções. Afinal, estilo de verdade não é seguir regras à risca, mas conhecer-se o suficiente para adaptá-las com consciência e personalidade. E você, Flamboyant Natural, merece o melhor dos dois mundos: a elegância da alfaiataria e a liberdade do movimento.